sexta-feira, 23 de setembro de 2011

De novo tudo que eu enxergava era o chão, alguns passos, alguns detalhes. Juro que não sabia porque, mas meus olhos evitavam encarar o que acontecia ao meu redor. Talvez fosse um medo estranho, de que através dos meus olhos algo que nem eu sabia fosse revelado, talvez fosse o medo de não enxergar mais o que eu já tinha me habituado a ver. Alguns instantes, e tudo fica novamente bem.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Não vou dizer que é difícil, apenas porque percebi que isso não tornaria as coisas mais fáceis. Mas Deus, quantas coisas aconteceram desde lá! Como o tempo passa, como algumas coisas acabam e de repente não resta mais nenhum pequeno sinal de que existiram, como algumas coisas mudam, como muitas novas acontecem e como tudo isso pode passar despercebido. E mesmo sabendo que dizer isso não vai diminuir nem aumentar as possibilidades, digo com facilidade que embora muito fascinante, é tudo muito assustador. Quantas coisas o tempo é capaz de levar embora? Quantas lembranças vão ficando embaçadas e sendo deixadas de lado? Estranho mesmo é que aquilo que levou anos para ser construído e revelado pode passar inteiramente em algumas horas na sua frente. Mas, o tempo me ensinou também a valorizar. A conservar. Hoje sei o que quero manter, ou o que ao menos não quero esquecer.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

É apenas a forma de ver as coisas e o que tudo isso reproduz em mim. Eu nunca esqueço as lições e talvez por isso fosse assim. Não podia fingir que não sabia, não podia negar que me magoava ter que descobrir sozinha, mas e todo o resto? E todo o resto que eu não podia negar também? Todos os resultados, tudo! Era muita coisa, era tudo e era preciso levar tudo em consideração. Eu respirava fundo na tentativa de que alguma forma o ar pudesse trazer coisas boas e levar embora o que eu sentia de ruim. Respirar fundo, levantar o olhar e ter mais uma vez a disposição para tentar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Fechou os olhos com força, na tentativa de aquele gesto fosse capaz de dissolver todo o horror que estava sentido. Poderíamos dizer que não era a primeira vez, mas até quando teria que ver toda aquela mesma história? Podiam acreditar no que quisessem, construir suas próprias opiniões, falar sem pensar e sem ligar pra possibilidade de aquilo prejudicar alguém que amavam, mas era diferente, ela não aceitaria. Lembrou que embora tivesse doído, a velha história lhe ensinara que não havia muito o que pudesse fazer, não dependia dela dessa vez. Quem observasse realmente entenderia que as coisas às vezes não fazem sentido porque outras pessoas só mostram a parte que lhes convem. Todo quebra-cabeça pode ser montado, mas certifiquem-se que as peças já acabaram, pois ás vezes a um pedaço a ser montado que mostra os detalhes que ninguém preocupou-se em ver.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sentia as pálpebras pesarem e o frio rigoroso cortar-lhe a pele apesar dos enormes cobertores que estavam sobre si. O tique taque de algum relógio estava passando despercebido, já que seu pensamento estava voltado totalmente para outras coisas. Apesar do intenso cansaço, negava-se a dormir, após muito tempo sentia de novo aquela sensação doce e leve ao fechar os olhos, não queria disperdiçá-la de modo algum. O coração batia forte, mas nada de tristezas ou angústias, era sinal de vida, sinal de viver outra vez. Deixou os olhos fecharem, mas lutou o máximo que pôde para não adormecer, apesar dos olhos fechados sentia que podia até sorrir, sem motivo algum, e não precisaria forçar como fazia há tanto tempo, não mais. Deixou-se apagar, tomada pela tranquilidade de poder viver e sonhar.