quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Há uma certa facilidade para as pessoas confundirem o "eu nunca esqueço" com algo que envolva guardar rancor, ora se soubessem que existe tanto além disso! Às vezes guardar uma memória, uma palavra, serve para que nos momentos em que sentirmos dor e nos perguntamos "por que isso está acontecendo?" tenhamos a resposta. Não esquecer nos dá motivos para não desistirmos, para acreditarmos e diante de algo que machuque, sorrirmos. Não esquecer, ainda que às vezes não seja tão saudável, pode ensinar as pessoas a serem mais maleáveis. Não esquecer é lembrar dia após dia porque tudo começou, dando justificativas o suficiente para continuar. Não esquecer é amar.
Nada que fosse desconhecido, ao contrário, conhecíamos muito bem, de todas as formas possíveis. Não importa o quão lento fosse, ou a explosão que acontecesse quando viesse a ocorrer, sempre surpreenderia, sempre nos perguntaríamos qual detalhe havia passado despercebido para que aquilo acontecesse. E a pior verdade, é que depois de algumas vezes que vem a acontecer, estamos sempre aguardando por isso, sempre planejando o que fazer, ou deixando passar despercebido mais uma vez. A verdade é que a mera possibilidade é capaz de trazer a mente as lembranças mais sutis, até mesmo as palavras que jurávamos não ter escutado, quiçá guardado. Voltarão todos os momentos, às vezes até mesmo aqueles que ainda nem aconteceram. E então percebíamos, não é que não estivéssemos prontos para lidar com aquilo, estávamos, já conhecíamos, e insistíamos em dizer que ainda não havíamos aprendido a lidar. Não era esse o problema, sabíamos lidar, apenas não queríamos isso naquele momento, e então já nem lembraríamos porque havíamos chegado ali. Discordarei o quanto for preciso que explicar demais é complicar algo, pois não explicar é o modo mais fácil de querer negar o fato de que talvez não devêssemos falar algo, fazer algo. A estranha mania de complicar tudo. Ora meu bem, aceitemos, quando tem tudo para dar certo, só devemos aceitar o que vem.

domingo, 23 de outubro de 2011

Olá, estou escrevendo porque faz muito tempo que não nos falamos. Para ser bem sincera, eu nem lembro como eram nossas conversas, tenho apenas lembranças vagas, as vezes em que me xingou e todas as vezes em que eu percebi que eu tinha muita sorte, mas passou tanto tempo... Eu tenho tanta coisa pra contar, são tantas novidades... Talvez você se preocupasse um pouco, nem sempre tudo são flores, mas existem tantos motivos para que você se orgulhasse de mim, tantas mudanças, tanta coisa aconteceu... e de alguma forma você continua sempre aqui. E tanto tempo passou.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Talvez agora eu perceba o que antes não quis perceber, ou talvez apenas esteja acontecendo agora. Só me encolher um pouco, ficar quietinha observando os menores movimentos, se estou triste? Não, creio que não. O silêncio é a forma que achei para esperar que algo seja dito (será possível que eu seja a única com tanto a dizer?). Também não mudei, ou talvez alguns detalhes tenham mudado, mas ainda sou a mesma, com mais coisas a falar, mais coisas para ouvir. Vou compreendendo, vou pensando, aceitando e esperando, quem sabe na semana que vem nós conversaremos? Continuo esperando, aceitando e compreendendo.

domingo, 2 de outubro de 2011

Acredito que ao se aproximar notou que meus olhos controlavam-se fortemente para não deixar que as lágrimas caíssem. - Você está bem? - Respirei fundo, senti até vontade de sorrir quando a voz doce, manchada por um tom de preocupação, chegou aos meus ouvidos. Se eu estava bem? Sim, estava. Deixei que minha voz respondesse num tom quase imperceptível. Num piscar de olhos me perguntei se deveria contar os pesadelos daquela noite, as lágrimas de horas atrás ou a cena que vi dias antes. Eu tinha tanta coisa para contar! Talvez nem lhe falasse sobre o motivo das lágrimas que tentava conter, mas não seria por mal, tinha tanto a dizer...