quarta-feira, 29 de abril de 2015

Não sou filha de professor. Ou, talvez, seja filha de muitos: de tantos que passaram na minha vida. Mas acima disso, sou irmã de professora. Machuca tanto quanto o coração. Porque minha irmã é uma dessas jovens que foi atrás do sonho e acreditou nele, e apesar de tantas injustiças, não quis trocar de caminho. Professor é uma profissão muito perigosa. Essa coisa de ensinar a pensar assusta os ortodoxos. Faz tremer as bases de um sistema falho. Quando tentam calar a boca daquele professor que luta por melhores condições, por algo que torne sua condição de trabalho digna, olho para o lado e sinto como se estivessem tentando calar a voz da minha irmã. Olho para trás e sinto como se estivessem apedrejando aqueles que me guiaram. Tentam calar aqueles que nos ensinam a falar. Mas a luta contra a tentativa de calar nossos professores deve ser visível: pelo meu saber e pelo meu direito de falar, eu não vou deixar.

sábado, 25 de abril de 2015

Eu fico aqui observando com o olhar sério. O batom vermelho que passo apenas por um motivo: eu gosto. Fico aqui mantendo minha postura ereta porque não vou dar a ninguém o gosto de me ver pra baixo. Eu te olho e acho que talvez tu esteja indo embora. Reforço o batom vermelho. Me ocorrem todas essas coisas enquanto me olho no espelho e penso que meus olhos de fato são bonitos. Penso que talvez seja o momento de correr atrás, mas isso me machucaria de novo. E se tu quiser ir, meu bem, quem sou eu pra te fazer ficar? Carrego na sombra preta: agora não posso mais chorar. Coloco meus amuletos. Onde será que eu posso te encontrar? Aqui dentro de mim não, por favor. Já tá tudo tão bagunçado, tão cheio dessas coisas que eu gosto de colecionar. Fica, mas quem sabe, fica sem entrar. Sem me machucar.

sábado, 4 de abril de 2015

Mas é tão estranho quando a gente chora e sente o gosto das lágrimas no peito. Eu senti no momento a diferença entre chorar por medo e chorar por um sonho. Guarda este segredo. Talvez esse seja um sonho meu. Quando nos conhecemos e eu não tinha muito o que dizer, lembro que falei que sentia falta de alguém que me protegesse. Agora eu me sinto protegida. Sinto que estou num ninho seguro e confortável. Eu choro de soluçar. Choro lembrando do teu olhar pousando em mim, do quanto ele parece me admirar. Sinto teus dedos tocando meu cabelo que mesmo quando horrível, tu elogia. A verdade é que eu sou cheia de defeitos e dificuldades, talvez o primeiro passo seja admitir. E aceitar que tu também tens os teus defeitos e tuas dificuldades. Mas nesse momento, eu to aqui. Lutando contra a minha insegurança que quer que tu repita quinhentas vezes que está tudo bem. Eu não quero estar em outro lugar. Eu pretendia pedir permissão pra te colocar bem no meio da minha vida, dessa instabilidade toda, mas de repente acho que tu entrou e eu nem pedi permissão. Mas eu quero sim um dia ser o assunto das tuas músicas, o motivo do teu sorriso. Eu quero te olhar nos olhos e dizer que to apaixonada, dessa vez tendo certeza disso. E tomara que isso baste. Porque é tudo que eu tenho.