segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Eu estava normal, meus olhos percorriam as linhas daquele livro quando de repente parecia que tudo girava ao meu redor e que as linhas do livro haviam se tornado uma sopa de letrinhas.  Coloquei a mão em minha cabeça e num piscar de olhos as coisas voltaram para os seus respectivos lugares. Fechei meus olhos e apertei-os com força, no intuito de que a tontura que tomara conta de mim passasse. Logo a sensação diária de angústia e de pesadelo tomou conta de mim, senti como se meu corpo se apertasse ao redor do meu peito e pedi com todas as minhas forças para que aquilo passasse. Tentei voltar a ler o livro, mas meus olhos pareciam cansados demais, tentei rir, mas aquelas velhas piadas já não faziam mais sentido para mim. Perguntei-me se algum dia aquilo me deixaria em paz, se aquele sentimento de culpa e aquela voz que seguia me dizendo “Isso está errado” iriam sumir. Sorri ao ouvir palavras de conforto, me senti bem, mas sabia que ainda não estava completa. Sabia que essa grande história ainda estava apenas no começo, e sabia que só os melhores personagens resistiriam até o final. Eu sempre quis um final.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Segurei minhas lágrimas, pois não queria demonstrar a emoção

já que estava ali só pra observar e aprender um pouco mais sobre a percepção. Eles dizem que é impossível encontrar o amor sem perder a razão, mas pra quem tem pensamento forte o impossível é só questão de opinião!
Tento a todo instante esconder o se que passa nesse coração. Nem magoado, nem despedaçado, apenas não está feliz. Ele está preocupado, preocupado se você vai conseguir. E o coração acha que pensar em si mesmo seria egoísmo, talvez por isso ele não pare de pensar em você. Em vocês. A cada segundo esse coração está pensando como pode fazer para mudar as coisas, para não ver ninguém chorar, para conseguir ver as pessoas felizes, realizadas, e talvez por isso, ao se partir, esse coração não está preparado. Ele finge que não sente, enche-se de falsos curativos, engole suas lágrimas, ele tenta ser forte, tenta dar o seu melhor. Ele acredita fielmente, ele aposta todas as suas fichas.
Nada é suficiente, não adianta ser forte agora, e não ser se não tiver você.

domingo, 5 de setembro de 2010

Histórias mal contadas

A casa de quatro pisos de repente era vazia demais. Completavam seis anos que ela havia morrido, mal podia acreditar na velocidade em que o tempo passava. A todo momento ouvia conselhos como: "está na hora de continuar, viva a sua vida!", mas que vantagem insistir naquilo? Todos sabiam que para mim não fazia sentido, aquela história mal contada não servia para mim. O tempo passava e cada vez me importava menos, trabalhar, me alimentar, viver, morrer, por que agora faria diferença?
Ao descer as escadas que davam para a sala, com janelas que iam do chão ao teto, olhava a paisagem e lembrava do porquê da casa tão grande: "Vamos ter vários filhos, todos terão toda a atenção necessária e muito espaço para correrem, brincarem, para serem felizes!". E agora, mesmo sabendo que crianças felizes não correriam pela casa ou iriam ler um livro de contos de fada à luz do sol que entrava pela janela, não tive coragem de mudar de casa, tudo que me restava estava ali.
Esperava que talvez fosse apenas um pesadelo, do qual acordaria a qualquer momento, ou então, que o momento de adormecer e dormir para sempre chegasse logo, enquanto não chegasse, ninguém entenderia que aquilo que eu sentia não era só dor ou saudade, era um vício inevitável que me rasgava por dentro, que fazia cada orgão queimar, que implorava por ela, por sua voz, seu sorriso, eu sabia que aquilo não fazia de mim fraco, mas mesmo querendo, sabia que não superaria essa tortura.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Finais não tão felizes assim


A noite passou se arrastando. Por algum motivo, o barulho dos ponteiros do relógio era suficiente para me fazer ficar com os olhos cheios d’água. Sabia que algo estava errado. Finalmente, hora de acordar, não era tão anormal eu não dormir de noite, ou era? Desci as escadas que davam para a cozinha lentamente, como se algum perigo me esperasse por lá, mas ainda não havia ninguém acordado. Abri a geladeira, servi um pouco de água e sentei-me à mesa, ansiando por alguma notícia, então, um som interrompeu minha angústia, o telefone tocava, não havia percebido, não sabia há quanto tempo,  levantei-me e sem hesitar atendi, a voz do outro lado parecia meio embargada... A notícia caiu como uma bomba, sem reação, não respondi, apenas senti algo apertando minha garganta, e então lágrimas inundavam meu rosto. A primeira coisa que veio na cabeça “Por que ele e não eu?”. Engoli o choro, precisava ser forte, mas as lágrimas continuavam presas em meus olhos, embaçando a visão. Instantaneamente me senti sozinha, encostei-me na parede fria, escorreguei e sentei no chão, ainda havia motivos para continuar?
Prometeu-me que não me deixaria sozinha, que secaria minhas lágrimas, que sempre me abraçaria nos momentos de aflição, e em meio a tantos conselhos que já havia dado em relação a isso, vi que não fazia sentido. No momento, queria ouvir sua risada, ter a certeza de que estava bem, que estava feliz. Quis que estivesse ao meu lado, que me fizesse sorrir, não foi possível.
Perdi noção do tempo, da dor, do que é e era preciso, não tenho certeza de quanto tempo já se passou ou do que fiz naquele momento, mas a dor permanece imutável dentro de mim, inquieta, se debatendo, querendo sair, não achando saída, não achando o fim.