quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Quando eu ouço as histórias que minha irmã conta sobre seus alunos e o brilho no olhar que as acompanha, eu entendo bem porque vale a pena ser professor. As circunstâncias, nós sabemos, não ajudam em nada. Ajudam talvez em aumentar um clima de desafio específico, nesse caso, dispensável. O desafio maior mesmo, vejo que ela já começou a resolver. Acredito que seja o de ter olhos cuidadosos para cada pessoa, não deixar que o mau humor torne ótimos alunos em bodes expiatórios, não ser o mau humor. O desafio em perceber que o valor de jovens com corações de ouro é absurdamente maior que qualquer corrupção ou intriga. Ser a professora que começa a rir lembrando das histórias, e que ao falar das más, acrescenta: nem parecem ser reais. Nunca no sentido de ignorá-las, mas olhar para elas de modo que tudo possa se resolver. E vai. Minha irmã é o tipo de professor que sinto saudades e que sempre adorei. O tipo que não desiste de tentar. E vale muito a pena.

sábado, 11 de outubro de 2014

Mesmo que eu tente, não vai sair muita coisa. A verdade é: se eu te encontrasse agorinha mesmo, só conseguiria te dar meu abraço mais apertado e dizer que senti tua falta. Senti também raiva, frustração, tristeza, mas, sim, o que eu mais senti foi falta. Se me perguntam, bem, eu digo que eu não quero mais te ver. É mentira. Eu não quero é ter que ver meu amigo pela última vez, ou, ter certeza de que aquela foi a última vez que te vi. Tive algumas notícias tuas que me deixaram preocupada, como assim alguém fala de ti e não fala do teu sorriso ou do teu olhar?  Do alto da minha inexperiência, sempre te quis muito bem, sempre te quis muito perto. Deixei meu livro contigo. "Deixa". Tem sido assim. Ao contrário do que dizem alguns poetas, sim, o amor pode doer. Por ele, eu nunca te faria mal algum. Mas, por ele, tu precisa ficar longe de mim.

sábado, 21 de junho de 2014

E, depois de algum tempo, quando senti aquele vento gelado dentro da minha casa a reação não foi de emoção ou simplesmente de frio: senti uma dor compadecida pensando naqueles que não tinham uma casa ou que mesmo ela não seria capaz de os abrigar. Uma dor fraca, porque mesmo imaginando, há dores que estamos longe de conhecer. Se de fato a dor emocional pode ser tão pior que a física, como tantos colocam, penso então no quanto um coração também sofre com esse gelo: esse de quem ao passar do lado de um morador de rua ou de uma pessoa muito carente, ainda é capaz de reclamar das próprias mãos geladas. Esse gelo de quem passa e permanece inerte à dor dos outros. Penso no quanto o inverno é horrível. Mesmo que eu não tenha nada do que reclamar.


segunda-feira, 12 de maio de 2014

E apesar de gostar de me sentir bonita, eu vou andar com o cabelo todo desgrenhado, se eu tentar, será tentativa falha de maquiagem ou penteado, e eu não vou me importar tanto assim. As unhas que crescem rápido logo me cansam e eu vou gostar de cortá-las (como também gostaria de mantê-las). Não, eu ainda não troquei minha mochila. Tá desbotada, descosturando. Mas ela deixa os pesos mais leves (literalmente, só pra esclarecer). Vou falar de assuntos estranhos, ser esquisita quando tentar ser legal. Mas eu vou me sentir incrivelmente bem. E se for chorando ou olhando pro sol, eu vou amar ver meus olhos brilhando mais ainda. Vou rir quando pensar/falar a mesma coisa que um amigo, porque amo essa sintonia. Vou me emocionar quando receber qualquer elogio ou gesto de carinho e respeito, porque já fui e talvez seja muito rude comigo mesma. Eu vou me sentir incrivelmente bem. Não me importo de reler textos antigos, deixar alguns dos meus ursinhos de pelúcia na cama ou usar anéis que não simbolizem compromisso. Mas, tudo simboliza algo. A parte boa de nós e da nossa vida que é enorme. Vou pegar o que tem de melhor em cada situação e lembrar do quão a tranquilidade é algo raro. Vou me sentir incrivelmente bem.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eu acredito que não é errado amar. Que ver a vida com bons olhos é doce e faz bem, e que não te torna um idiota. Mas tem como explicar pra alguém? As pessoas só entendem o quanto o amor (o amor universal, maior do que o sentimento homem-mulher) é simples quando são capazes de ver nos olhos a alma de alguém, sentir as palavras que o vento traz quando um golpe frio te toca. Eles me olham feio. Eu penso no quanto perdem, porque ganho a vida a vendo com bons olhos. Dizem que é impossível, me respondem com um tom desdenhoso: não acreditam que seja viável viver com a alma aberta, deixar pra trás o que há de ruim sem simplesmente ignorar tudo que aconteceu. Tudo que existe. Enxergariam eles o quanto perdem? Mas enfim. Aqui dentro tá tudo instavelmente estável. Porque a gente evolui sem destruir o que já construiu. Aqui dentro vai ficar tudo bem, se em algum momento não estiver. Ah, eu vejo a vida com bons olhos. E a ganho assim. Ultrapasso minhas próprias barreiras quando me permito viajar: e encontro em outros olhares um bom lugar pra visitar. E eles, nem sabem. 

domingo, 23 de março de 2014

Mas aí eu tava olhando fotos de uns três anos e percebi que na verdade, cresci bastante. Crescemos. Não é de todo ruim, como eventualmente a gente ouve por aí. Só que essa mania de ir crescendo e jogando em cima das possibilidades os medos, inseguranças... Ih, se não cuidar, deixa tudo muito sério. E aí perde a graça, o movimento, perde a doçura. Tirando esses entulhos de cima, lembro o que nós somos de verdade, esse brilho no olho, a brincadeira cúmplice. E que isso, meio perdido nessa caminhada estranha de crescer, seja o que talvez nos faz voltar pro lado de quem compreende isso (e que também tem o direito de se perder um pouquinho, embaixo dessas coisas estranhas). Eu espero que a gente não se perca, mais. Ou, apenas, que saibamos encontrar o caminho de volta se for necessário voltar. E não ter medo de assumir o necessário. O meu coração e meu pensamento guardam isso como tesouro. É sinônimo do vento que tem no início do outono, sinônimo do que a gente vai sentir quando ver o pôr-do-sol e as primeiras estrelas surgirem. Porque apesar de tudo, lá no fundo, tem nossos sonhos que talvez meio rachados, ainda vivem. E sorriem. Apesar de tudo, ainda somos nós, guardamos esse tesouro, um do outro. 

sábado, 1 de fevereiro de 2014

"Escrevo aqui no presente para que no futuro seus olhos possam lembrar de mim, quando sua mente me esquecer."

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

É duro para quem conhece cada defeito, cada dor e cada tipo de sorriso, ver o outro perdido em águas que nada tem a ver com o coração, mas que o levam pra longe. É duro quando as coisas são claras dentro da nossa cabeça, mas sabemos que não temos o direito de explicá-las para alguém. Então, quem nunca esperou meio quieto, meio impaciente, que o destino se encaminhasse do resto? Guardando pedidos no peito, enquanto via o outro indo cada vez mais longe. Esperando que uma ondinha de boa vontade trouxesse pra perto de novo, pra dentro de novo. Pensar baixinho pra que, quem sabe, o vento leve o recado: se você nadar um pouquinho... é só querer.