sábado, 30 de maio de 2015

Olha, é verdade. Somos de mundos muito diferentes, mas eu tava gostando do teu. Tava gostando de sair um pouco das minhas normalidades. O que te assustou tanto? Tu ficou tão estranho. De repente, era outra pessoa: e eu queria uma chance de poder gostar dessa nova pessoa, entender. Mas não. Tu não deixou. Hoje ao atravessar a rua senti vontade de me jogar na frente de um carro. Qualquer dor pra me distrair um pouco, qualquer gesso pra coçar mais do que essas palavras que a gente disse hoje. Que bom que eu não gosto de sangue e cortes. Eu preferia ter levado um soco com toda força no rosto. Eu sentiria ódio. Te deixaria ir. Por que quis secar as minhas lágrimas? Tô até agora pensando em como seria se o carro tivesse batido em mim, o impacto. Tô até agora pensando se algum desconhecido na rua pode me deixar com um olho roxo. Porque desses machucados eu vou saber cuidar. Eu quero que tu volte. Mas não posso te fazer voltar.

domingo, 3 de maio de 2015

Quando o olhar se perdia em algum detalhe vago e os cabelos caíam em ondas pelos seus ombros, ela poderia facilmente ser eternizada numa pintura. Procurava qualquer detalhe que a salvasse da tristeza, daquelas lágrimas que caíam de forma estranha. Procurava qualquer história de amor que desse sentido para a vida. E sofria muito quando o encontrava apenas fora de sua vida. O coração tão aberto era vulnerável à maldade. Ela sabia. Sabia também que o tornava vulnerável à toda imperfeição humana. E que entendê-la era também saber que ela não envolve justiça.
Mas a minha bagunça é minha. E se quiser entrar nela, faz o favor de derrubar uns potes de tinta e deixar ela mais assim, colorida. Eu gosto das cores fortes. Eu quero o que é intenso pra mim. Favor, não entrem com estereótipos. Não colem avisos sobre o quão vai dar errado ou sobre quantas vezes avisaram. E ah. Eu to indo. To indo pra bem longe, tá? Pode vir junto, mas sem pesos. E se achar que eu não vou, solta minha mão logo. Não me puxa pra trás. Eu to indo de verdade. To seguindo um caminho cheio de sonhos e coisas que eu simplesmente quero viver. Eu to passando meu batom vermelho e cantando baixinho, e se isso te assusta a ponto de querer parar, vai. Vai, porque eu to indo. Ou vem, porque eu to indo também. Eu to indo sem escrever nomes na última página do meu caderno. Eu to usando preto porque absorvi todas as cores, e só meu olhar reflete alguma. Hoje eu to pesada porque vou viver com tudo isso que escolhi. E to leve, porque o que os outros colocaram nos meus ombros, derrubei. E eu fui.