sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Noites em que eu não dormi

Madrugada sombria. Milhares de vozes nos meus pensamentos. Relâmpagos cortavam o céu e refletiam sua luz na janela, o seu barulho não calava as vozes. Angústia. Não sentia lágrima alguma descer pelo rosto, anormalmente, já que de maneira traiçoeira, elas sempre desciam (ou quase sempre?). Os olhos ficavam vidrados no espelho, quem é você hoje? Fechei olhos, mas a imagem estranha não deixara minha cabeça. Dor. Senti algo insuportavelmente doloroso invadir meu coração, que agora, parecia estar em pedaços rasgados lento e dolorosamente. Não havia palavras para expressar o que sentia, senti meus olhos secos, na esperança de que lágrimas molhassem o rosto e fizessem a angústia sumir. Deitada na cama, não me sentia confortável. Frio, eu apenas sentia frio, mesmo com o rosto tão quente. Levantei, não foi possível ficar de pé. Sentei na cama, encarei a parede, “onde você está agora?”. Milhões de perguntas estavam invadindo minha mente. Olhei no relógio diversas vezes, não foi possível enxergar as horas. Decididamente, juntei todas as minhas forças e me levantei, fui até o banheiro, lavei o rosto com a água gelada que descia pela torneira, aquilo não fez o calor do meu rosto diminuir. Senti lentamente o frio do chão nos meus pés descalços, cambaleei novamente e me segurei na pia, ficando assim por alguns minutos. Voltei para a cama, deitei ignorando tudo que me parecia tão desconfortável, puxei as cobertas de maneira que não me fosse possível ver o mundo em volta. Tentei me desligar de todas aquelas vozes na minha mente, eram tantas e tão altas, eu não conseguia entender o que falavam. Concentrei-me no barulho da chuva que caía de maneira encantadora e molhava o vidro da janela pelo lado de fora. Ouvia atentamente os barulhos de trovões, eles pareciam calar a noite, mas não calavam as vozes. O cansaço foi vencendo, uma boa opção era dormir, quem sabe ficar desacordada por algum tempo até que aquilo passasse? Deixei meus olhos fecharem lentamente, um som me acordou, meu despertador. E assim minhas noites se repetem, horas de angústia, minutos de tranqüilidade e de repente acordar para a cruel realidade.

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